segunda-feira, 25 de abril de 2011

Boletim Meteorológico do mês de março de 2011

A Figura 1 apresenta as medidas realizadas na estação meteorológica automática da UNIFEI durante o mês de março de 2011. A temperatura do ar média oscilou entre 19,0ºC e 24,2ºC, com média de 22,3ºC. A maior temperatura máxima registrada foi 31,9ºC (dia 27) e a menor temperatura mínima foi 15,3ºC (dia 21). A média mensal da umidade relativa do ar foi relativamente alta, com 81,7%. O vento foi predominantemente de norte com velocidades médias de 0,51 km/h (0,14 m/s). Ocorreu chuva em dezenove dias do mês, contabilizando um total de 147,0 mm.

Figura 1. Variáveis atmosféricas medidas no mês de março/2011 na estação meteorológica automática localizada no campus da Universidade Federal de Itajubá (latitude 22º24’46” e longitude 45º27’06”): a) temperatura (°C) máxima diária (vermelho), temperatura mínima diária (azul) e média diária da temperatura do ar (verde) a 2 m de altura, b) média diária da pressão atmosférica ao nível médio do mar (hPa), c) direção predominante do vento em superfície, d) totais diários de precipitação (mm), e) média diária da umidade relativa (%) a 2 m de altura e f) média diária da intensidade do vento (km/h) em superfície.

Em março, nenhuma frente fria atuou em Itajubá. A ocorrência de precipitação até o oitavo dia do mês foi devido à atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) sobre o sul do estado de Minas Gerais (Figura 2).


Figura 2. a) Imagem do canal vapor d’água do satélite GOES-12 e b) da análise atmosférica no dia 05/03 às 15 horas local. Ambas as figuras mostram a ZCAS. Em b, este sistema está representado pelas linhas verdes tracejadas. Fonte: CPTEC/INPE.


A ZCAS é definida como uma região de concentração de umidade, que se estende da região norte do Brasil a região sudeste e que atua por mais de três dias consecutivos. Portanto, a junção da ZCAS com dias quentes forneceu as condições propícias para a formação de nuvens e chuva. A Figura 1f também mostra precipitação em outros dias do mês. Estes eventos ocorreram associados a zonas de convergência de umidade, mas com duração inferior a da ZCAS. Além disso, as chuvas registradas nos dias 13 e 14 também tiveram influência da área de baixa pressão atmosférica que se formou entre a costa do Rio de Janeiro e a do sul da Bahia no dia 13 (Figura 3a). Essa área de baixa pressão originou um ciclone subtropical no dia 15 que foi denominado de Arani pela marinha brasileira (Figura 3b). A Figura 1b também mostra redução da pressão atmosférica em Itajubá.

Figura 3. a) Imagem do satélite GOES-12 no dia 13 mostrando a banda de nebulosidade entre a costa do Rio de Janeiro e Espírito Santo associada a uma área de baixa pressão que se intensificou e b) no dia 15 originou o ciclone subtropical Arani. Fonte: CPTEC/INPE.

A ausência de precipitação entre os dias 19 e 24 foi decorrente da atuação de um sistema de alta pressão atmosférica sobre o sul e sudeste do Brasil. É interessante notar que a Figura 1b também mostra aumento da pressão atmosférica em Itajubá. Os sistemas de alta pressão são desfavoráveis à precipitação porque inibem os movimentos ascendentes na atmosfera e a formação de nuvens. Por outro lado, favorecem a ocorrência de temperaturas mínimas, pois sem cobertura de nuvens a Terra perde mais rapidamente sua energia para o espaço. Em decorrência disso, foi registrada no dia 21 a menor temperatura mínima em Itajubá.
 
A Figura 4 mostra o percentual de nebulosidade associado a cada dia do mês. As menores porcentagens de cobertura de nuvens ocorreram no período em que o sistema de alta predominou sobre a região. Em média, a cada dia do mês, aproximadamente 53% do céu esteve coberta por nuvens.
Figura 4. Simulação numérica da cobertura de nuvens média diária na cidade de Itajubá em março de 2011.

A trajetória dos ciclones nos oceanos adjacentes a América do Sul é mostrada na Figura 5. Essa figura é obtida através de um programa que identifica mínimos de pressão atmosférica. Quando os mínimos não estão bem configurados em áreas concêntricas, o programa não faz nenhum registro. Por isso, que o ciclone subtropical Arani só é detectado a partir do dia 16. Além do Arani, no dia 04 outro ciclone se formou próximo à costa do sudeste do Brasil. Esse sistema associado à ZCAS também influenciou a precipitação em Itajubá nos primeiros dias do mês.
Figura 5. Trajetória dos ciclones nos oceanos que circundam a América do Sul no mês de março de 2011. A posição de cada sistema em intervalos de 6 horas é indicada pelos círculos preenchidos. A posição inicial dos ciclones não apresenta marcador. A data de início dos sistemas que se formam próximo à costa brasileira é indicada na figura. Ressalta-se que a figura inclui apenas sistemas com tempo de vida superior a 24 horas.

Resumo informativo sobre o tempo em Itajubá 
 
Programa de Graduação em Ciências Atmosféricas - Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá
n° 7 – mês de referência: Março/2011 
Desenvolvimento: Profa. Michelle Reboita
Colaboração: Prof. Arcilan Trevenzoli Assireu e alunas de graduação Carolina Gouveia e Thais Ribeiro
Coordenação: Prof. Marcelo de Paula Corrêa

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