terça-feira, 21 de maio de 2024

Nota Especial - Notícia do Padrão Atmosférico de 26/04 - 21/05

 Durante o período de 26 de abril de 2024 até o momento, ocorreram extremos climáticos opostos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Mais de 400 municípios e 2 milhões de habitantes foram afetados no Rio Grande do Sul pela quantidade anômala de precipitação na região, havendo registros de mais de 800 milímetros no estado, enquanto que no Sudeste, houveram cidades que não experimentaram nenhuma gota de chuva. Mas o que explica isso? Os meses de abril e maio são naturalmente meses de transição do regime chuvoso para o seco na região Sudeste, enquanto que na região Sul, os sistemas frontais começam a ficar mais frequentes, porém, o que se foi observado não condiz com a normalidade. Dias mais quentes e secos contribuíram para um período longo de onda de calor em pleno mês de maio, ao passo que as frentes frias ficaram restritas à região Sul. O que explica então esse padrão? Na atmosfera, existem perturbações que afetam o globo todo, sendo assim, o que ocorre, por exemplo, no oceano Índico se propaga aqui na América. Assim, um trem de ondas de Rossby, ou seja uma perturbação atmosférica, vindo do Oceano Índico causou um padrão de alta pressão atmosférica anomalamente positiva próxima a região Sudeste, enquanto que no sul da América do Sul houve uma baixa pressão atmosférica anomalamente negativa, sendo o Rio Grande do Sul uma faixa de transição propícia para que os sistemas frontais fiquem estacionários. Com isso, as frentes frias foram impedidas de avançar para a região Sudeste devido à persistência do bloqueio atmosférico em médios e altos níveis decorrido desse padrão de grande escala, impedindo a convergência na região e causando tempo seco e gradativamente mais quente. Além disso, o chamado Jatos de Baixos Níveis vindos da Amazônia retroalimentam a situação no RS, advectando ar quente e transportando vapor d’água, sendo “combustíveis” para os Jatos de Altos Níveis que permaneceram sobre o RS e contribuíram para instabilidade e convergência e, consequentemente, os altos volumes de precipitação de forma contínua. Por isso, cidades próximas aos rios estão inundadas, pois o fluxo fluvial foi aumentado de forma inesperada, ou seja fora da normalidade,  e os corpos d’água não comportam tamanho volume hídrico, o que causou uma das maiores calamidades no estado do RS.


 Autores: Natan Chrysostomo de Oliveira Nogueira e Michelle Simões Reboita

sábado, 18 de maio de 2024

Boletim Meteorológico Mensal da Unifei - Volume 14 - Número 04

As condições atmosféricas em Itajubá no mês de Abril de 2024, medidas na estação meteorológica automática localizada na UNIFEI, são apresentadas na Figura 1. Neste mês, a temperatura média do ar oscilou entre 19,5ºC e 24,0°C (a média foi 22,0ºC, anomalia de +1,3°C). As médias de temperaturas mínimas e máximas foram, respectivamente, 16,6°C e 28,5°C (anomalias de +1,5°C e +1,0°C, respectivamente). A maior temperatura máxima registrada foi 31,1ºC (no dia 04) e a menor temperatura mínima foi 12,5ºC (dia 23). As médias mensais de umidade relativa do ar e da intensidade do vento foram 74,8% e 0,99 m/s (3,58 km/h), respectivamente. No mês de Abril a direção predominante do vento foi de Noroeste. Não houveram dias com precipitação significativas durante todo o mês, apenas um registro de 0,2 mm e foi 0,04% da média de precipitação do mês (dia 01). 

No mês de Abril de 2024, duas frentes frias tiveram influência no sul de Minas Gerais, porém sem causar precipitações. Primeiramente, no dia 04 foi registrado a maior temperatura do mês (31,1ºC) e também um registro de baixa umidade (47%). Em sequência, uma frente fria se aproximou do continente no dia 07 mas não provocou chuva em Itajubá (Figura 2). Posteriormente, a segunda e última frente fria do mês passou sobre o Sul de Minas no dia 18 e também não ocasionou acumulados nesse período (Figura 3). Vale ressaltar que o mês de Abril foi prioritariamente marcado por dias com registros de temperaturas máximas elevadas, umidades relativas do ar baixas e nenhum registro de precipitação (com exceção para 0,02 mm no primeiro dia do mês). Os dias em destaques que se referem a estas condições são: 31,1ºC e 47% (dia 04), 30,8ºC e 42% (dia 05), 28,8ºC e 45% (dia 07), 29,8ºC e 46% (dia 10), 26,8ºC e 49% (dia 21), 27,3ºC e 39% (dia 22), 28,7ºC e 35% (dia 23), 29,3ºC e 42% (dia 24), 29,6ºC e 48% (dia 25), 30,2ºC e 49% (dia 29). Outro destaque também foi para a presença de uma alta pressão sobre o Sul de Minas entre os dias 23 e 24 (Figura 4). Por fim, importante mencionar que dentro dos dias destacados houve um período com amplitude térmica maior sendo eles dia 21, dia 22, dia 23 e dia 24. Com mínimas de 14,2ºC, 13,1ºC, 12,5ºC e 13,5ºC, respectivamente.

Com relação à nebulosidade (Figura 5), a média mensal da cobertura diária de nuvens foi de 31%. O dia mais nebuloso foi o dia 02 de Abril do que se tem registrado.

O maior valor do Índice de Estresse Térmico (IET) por dia no mês de Abril é mostrado na Figura 5. De forma geral, o IET serve como um guia para quem realiza atividades físicas, sendo que os valores de IET menores ou iguais a 25 indicam risco baixo à saúde, valores entre 26 e 33 risco moderado, já valores maiores do que 33, risco extremo. Considerando a série temporal do maior valor diário de IET, o menor valor registrado foi 23,08 (dia 18), o maior valor foi 28,47 (dia 04), a média mensal foi 26,09 e a média da hora de ocorrência do maior IET foi de 13h16. Assim, recomenda-se a não realização de atividades físicas por cerca das 12:00 às 16:00 horas. É válido ressaltar que o IET decresce quando há alta cobertura de nuvens e temperaturas mais baixas e aumenta quando há condições atmosféricas opostas (Figuras 5 e 6). 


Com relação ao índice de aridez (IA; detalhes sobre esse índice são apresentados no volume 3 (04)) foi igual a 0,0023, o que caracteriza um clima hiperárido.


Para aqueles que tiverem interesse em saber em tempo real a evolução das variáveis atmosféricas em Itajubá, esse boletim deixa como sugestão o acesso aos sites:


http://meteorologia.unifei.edu.br 


https://www.wunderground.com/dashboard/pws/IITAJUB5/


Aos leitores que tiverem interesse no monitoramento dos ciclones na América do Sul e a previsão climática sazonal nas diferentes regiões do país, sugerimos o acesso à página:


www.grec.iag.usp.b




Figura 1 Variáveis atmosféricas observadas no mês de Abril de 2024 na estação meteorológica automática localizada no campus da Universidade Federal de Itajubá (latitude 22º 24’ 46” e longitude 45º 27’06”): a) temperatura (ºC) máxima diária (vermelho), temperatura mínima diária (azul) e média diária da temperatura do ar (verde) a 2 m de altura, b) média diária da pressão atmosférica ao nível médio do mar (hPa), c) direção predominante do vento a 2,5 m de altura; C indica calmaria, d) totais diários de precipitação (mm) contabilizados entre 00:10 e 24:00 h, e) média diária da umidade relativa (%) a 2 m de altura e f) média diária da intensidade do vento (m/s) a 2,5 m de altura. 



Figura 2 Frente Fria próxima ao continente da região do sul de Minas no dia 07/04/2024 às 0000Z. No lado esquerdo tem-se a carta sinótica elaborada pela Marinha do Brasil e no lado direito a imagem do satélite do canal 16 do satélite GOES-16 disponibilizada pelo INPE.


Figura 3 Frente Fria sobre o sul de Minas no dia 18/04/2024 às 1200Z. No lado esquerdo tem-se a carta sinótica elaborada pela Marinha do Brasil e no lado direito a imagem do satélite do canal 16 do satélite GOES-16 disponibilizada pelo INPE


Figura 4 Alta Pressão sob o Sul de Minas no dia 24/04/24 às 0000Z. No lado esquerdo tem-se a carta sinótica elaborada pela Marinha do Brasil e no lado direito a imagem do satélite do canal 16 do satélite GOES-16 disponibilizada pelo INPE.

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Figura 5 Cobertura de nuvens média diária na cidade de Itajubá no mês de Abril de 2024.



Figura 6  Maior valor diário do Índice de Estresse Térmico na cidade de Itajubá no mês de Abril de 2024.


Autores: Thiago Pamponete Lopes e Michelle Simões Reboita

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